Nos últimos dias tenho ouvido,
uma e outra vez, aqui e ali, esta afirmação:
- “Que stress o Natal!”.
Obviamente, tal afirmação só
pode estar associada a um “Natal-comercial”, essa espécie de moda a que a nossa
sociedade aderiu e que se expressa numa certa compulsão para a aquisição de
bens materiais destinados a presentear, nesta quadra Natalícia, familiares e
amigos e onde se tende, também, a privilegiar/premiar aqueles que mais se ama,
ou por quem se nutre um especial respeito ou carinho, ofertando-lhes (dentro
das possibilidades de cada um) os melhores
presentes, por relação aos demais.
Mas, façamos, aqui, uma pausa.
- Será que existe, neste mundo,
algum bem, alguma coisa material que possa, verdadeiramente, traduzir,
expressar, representar ou intermediar, o amor/afeto que cada um sente, pelo
outro?
No Natal celebramos o
nascimento de Jesus Cristo. E Deus, Pai Todo-Poderoso, Criador do céu e da
terra e de todas as coisas, visíveis e invisíveis, quando chegou a este mundo
mostrou-nos o caminho: fez-se menino, um pedacinho de carne e de gente,
inocente, frágil, para ser recebido e tomado nos braços do amor. Porque queria
ser amado, sentir-se amado.
Por isso, não poderia ter
chegado a este mundo de forma diferente. É que, Deus é amor. Vive onde existe
amor. E “amar” é o seu verbo, o seu ensinamento.
O Natal é, essencialmente e, em
primeiro lugar, a celebração do mistério da infância, da inocência e do amor.
Por isso, é o tempo do “renascimento”, da mudança e da transformação interior.
É o tempo de fazermos regressar a nossa alma de criança que, ao longo do tempo,
fomos amordaçando e amortalhando por detrás das nossas “máscaras da
importância”, dos nossos rótulos, dos nossos títulos, dos objetos que possuímos
e dos cartões de crédito.
E é absolutamente necessário ressuscitar a criança
que fomos, para podermos olhar a vida e o mundo com esperança e alegria.
Celebrar o Natal é simples.
Basta que nos tornemos simples.
Na verdade, receber um abraço
afetuoso, um beijinho, um gesto sincero de amor e de ternura, fá-lo-á sentir
bem melhor e mais feliz, do que receber qualquer presente.
Para celebrar o Natal seja
simples e ame, simplesmente.
Deus, Pai Todo Poderoso,
abeirou-se, de nós, como um ser “pequenino”, fazendo-se menino, porque queria
ser amado.
Poderão os homens conhecer a Deus e aproximar-se de Deus por um
caminho diferente?
É, preciso, que nos tornemos
humildes e “pequeninos” para compreender o Natal, a vida e, nela, todas as
coisas…
Artigo publicado a fls. 6 do n.º 99 do Jornal Daqui, Mafra, com data de 14 de dezembro de 2016 - http://www.jornaldaqui.com.pt/
E, aproveito o ensejo, para vos desejar umas BOAS FESTAS e um FELIZ NATAL!
Maria João Vitorino