sexta-feira, 2 de setembro de 2016

- Na verdade, não desejamos compreendermo-nos a nós mesmos...



Apenas, hoje, "pratique": "autoconhecimento", refletindo.
A crise atual é, essencialmente, uma crise interna, interior...
Numa sociedade que se desmorona...

O que é que se desmorona, a final?
Nós!
Cada um de nós.
Eu e você.
A sociedade somos nós...

Cada um perdendo-se, mais e mais, de si mesmo...
Cada um, a cada vez, mais desconfiado, martirizado, torturado, pelos "problemas" da vida, pelas dificuldades (manifestas) no relacionamento humano...

Cada um, mais fragmentado do que o outro...
E, quantas vezes, ouvimos os “nossos” familiares e amigos, em jeito de desabafo, dizer:
«- Estou tão cansado…de tudo, da vida…»
E, acredite, que quando o ouve, essa pessoa que lhe é querida, está mesmo, no seu limite.

O livro da vida, a "nossa história" fala-nos de violência: "Homens, contra Homens"; dificuldades de relacionamento; competição, busca de prestígio, sucesso, ambição, ansiedade, sofrimento, dor, suicídio, agonia, morte...

O livro da vida, conta-nos a nossa história e de como nos separámos – e continuamos a separar – uns dos outros, por fronteiras, por famílias, por religiões, por sistemas económicos, etc.…

Separados de quem somos e do “próximo”, lá continuamos, diariamente, a viver como seres “alienados,

Distraídos da própria existência...

Vivendo tristes, taciturnos, refletindo, em pequenos nadas, a agrura e a “infelicidade”…
Não nos falam as estatísticas dos "aposentados da vida"...
Mas, eles existem.
Oh! Como existem.
 
Deixámos de refletir acerca de nós mesmos…
Não nos compreendemos,
Não nos conhecemos,

Na verdade, não desejamos compreendermo-nos a nós mesmos...

Desejamos que "outros" o façam por nós, e – já agora -  que nos ensinem, depois, como fazê-lo, para alcançar a almejada paz interior...
 A final, fomos condicionados, formatados para “consumir”, para copiar, para seguir:
«- Diga-me, como fazer?»
«Pergunte-me como!»
 Se outros lhe disserem o que deve fazer para alcançar a serenidade e a paz, é muito mais fácil, não é?

Assim, não tem de se esforçar.
Verdade?
E lá, vamos, alegres e contentes, à procura de uma espécie de "panaceia universal"...

Mas, ninguém pode ensiná-lo a conhecer-se a si mesmo e aos seus próprios processos de agir, sentir e de pensar...
Reconhece essa verdade, não é?
Sem autoconhecimento, sem se conhecer a si mesmo, não poderá compreender a "realidade", nem a vida, nem a morte...

E nunca estará, ou se sentirá preparado, para viver inteiro, plenamente...
 Limitar-se-á, uma vida inteira, a seguir, atrás dos outros...

É preciso que se compreenda a si mesmo.
Que se empenhe nesse processo, uma vida inteira, se necessário for...
Questione, indague, reflita.

O pensamento claro, lúcido e verdadeiro, sem fugas da realidade e do que “é”, ou não “é”, revelar-lhe-ão uma nova perceção da vida: em harmonia.

E se todos o fizermos, juntos, prestaremos o mais importante contributo para um mundo melhor!

Porque a crise é interna.
Ocorre no interior de cada ser humano…

Apenas, hoje, reflito...

Maria João Vitorino

02.09.2016


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