Este desabafo foi escrito, assim, ao “correr
da pena”…mas, não fala, propriamente, das técnicas do REIKI…
Neste desabafo, falo de morte, de milagres e
de Amor…
Por isso, desejo – e permitam-me - partilhá-lo, aqui, convosco…
Por isso, desejo – e permitam-me - partilhá-lo, aqui, convosco…
Houve
um tempo, destes tempos, em que tive um PAI…
Um
PAI meigo que tanto me amou,
E
me fez sentir, imensamente, protegida e amada,
Houve
um tempo, destes tempos, em que tive um PAI…
Que
me ensinou a sorrir, a rir e a amar com a alma,
Que
me ensinou a expressar sentimentos e a ser afetuosa.
E,
sobretudo, me ensinou a rir da vida…
e das suas vicissitudes…
Houve,
um tempo, desses tempos, em que me habituei a ter, ao meu lado,
Um
PAI herói, um Homem inteligente, valente e honrado,
Um
amigo – cúmplice e
eterno companheiro de brincadeiras e travessuras…
Até
que um dia, destes tempos,
O
meu amado PAI partiu…sem despedidas, de braço dado com a morte,
Abandonando
tudo quanto lhe pertencia …
E
partiu, despojado das suas vestes físicas e de todos os bens materiais,
Levando, tão só, a sua consciência…a sua alma…
Levando, tão só, a sua consciência…a sua alma…
Que
é tudo quanto nos é permitido levar…
E foi assim, num dia, destes tempos, que o meu PAI
Partiu,
sem pré avisos,
Nem
acenos,
nem disposições de última vontade,
Por
vezes penso que, talvez o meu Pai não tenha tido tempo para se despedir de
todos nós,
Ou,
talvez, não tenha tido vontade de o fazer,
Ou,
talvez, não tenha tido sequer noção da sua partida…
Ou,
talvez, que a morte ceife, subtilmente, todos os vínculos e laços com os que cá
ficam…
Ou,
talvez, ainda, não se tenha despedido, porque, sabia que não existe separação…
Quiçá…
Pessoalmente,
acredito, que no Amor, não há separação…
O
meu PAI partiu, assim, um dia, destes tempos, sem sequer olhar para trás…
Esvoaçando,
para além da matéria, libertando-se de todos os laços corpóreos,
Rumo
ao firmamento,
Como
se soubesse, exatamente, para onde ia ou deveria ir…
Na
despedida do seu corpo físico, evoco, na sua face, o vislumbre de um subtil
sorriso,
Que,
conhecendo-o, como o conhecia, sabia que o meu PAI, jamais negaria na despedida
da própria Vida…
O
meu PAI regressou à sua verdadeira morada,
À
casa da eternidade…à casa de DEUS – PAI.
Nas
suas novas vestes, adequadas à sua nova morada,
Sinto-o
feliz, livre e liberto de toda a dor e sofrimento,
Porque,
o seu corpo físico, já tão debilitado, amarrado a uma cama, não suportava já a imensidão da sua
alma…
Em
tempos idos, falando acerca da morte, combinei com o meu amado PAI que aquele
que “transitasse” primeiro, tentaria manifestar-se, perante o outro, através
dos pássaros…
Enquanto
o meu PAI esteve internado no Hospital, durante muitos dias, todas as vezes que
regressava a casa, encontrava um pardal poisado no portão de entrada da minha
casa…parecendo, encontrar-se ali, à minha espera...
Quando
as notícias dos médicos pareciam fazer antever o pior, um pardal surgia sempre
bem perto de mim…
Quando
me deslocava a casa dos meus Pais, lá estava à porta de entrada, poisado sobre
o veículo automóvel do meu PAI, outro pardal…
Coincidências, ou não, a presença daquelas pequenas aves, apaziguavam-me a alma e o coração…
Hoje, penso, muitas vezes, no meu amado PAI, de dia e de noite,
Mas,
não alimento a nossa dor, nem a tristeza,
Porque
o sofrimento é absolutamente inútil e não o trará de volta até nós,
E,
assim, ensino aos meus próprios filhos como reagir perante a morte…que um dia,
há de, também ser a minha…
PAI!
Voa
PAI!
Voa, agora, na ETERNIDADE!
Voa, agora, na ETERNIDADE!
Acabou-se o teu atroz sofrimento,
Sofrimento
que não merecias.
O
processo de luto, de desapego e de despedida é pessoal e de cada um,
O
luto faz-se, interiormente,
Porque
os sentimentos não se pintam…nem se vestem de qualquer cor…
Hoje,
Eu e o meu amado PAI revisitamo-nos no baú das minhas memórias,
Revisitamo-nos
nos sonhos,
O meu PAI está presente, de maneira positiva, também, na memória que dele têm, diariamente, os meus próprios filhos e toda a família.
Para além da dor, continuamos a rir com a lembrança das suas piadas e brincadeiras.
Ademais,
o meu PAI vive, também, de forma intensa, no nosso coração.
Porque
o coração dos vivos é o melhor túmulo dos mortos.
Ontem,
fui com o meu filho, pela primeira vez, após as exéquias fúnebres, ao cemitério
onde se encontram os restos mortais do meu PAI.
E pensei que bom seria se o meu PAI, um dia, conseguisse presentear-me com um qualquer sinal físico da sua presença…
Chegados
ao cemitério, aproximei-me das bancas onde se vendem flores.
Apenas,
sabia, interiormente que desejava comprar flores de cor branca.
No
local, junto ao cemitério, existiam várias bancas, mas dei por mim a dirigir-me
para uma banca determinada…
Saudei
a Senhora que vendia e perguntei-lhe o preço das flores (não lhe falei,
curiosamente, que desejava flores brancas…), dizendo-lhe que gostaria de as
colocar na terra da campa do meu Pai, que havia sido recentemente sepultado.
A
Senhora fitou-me nos meus olhos, olhou em volta procurando, decerto, as flores
que considerava mais adequadas e depois dirigiu-se a um balde de onde retirou
um grande ramo de rosas brancas.
Entregou-mas
e eu peguei nelas, perguntando-lhe:
-
Desculpe, mas, e qual é o preço?
A
referida Senhora velhinha, fitou-me nos olhos e como se me conhecesse desde há
muito tempo e disse-me:
-
Não é nada. São dadas.
Esta
atitude, tão fora do comum, nas circunstâncias ali presentes, levaram-me às
lágrimas…
E
senti, ali mesmo, uma forte presença do meu amado PAI…
Foi
chorando que abracei e beijei aquela Senhora, afagando o seu rosto e
agradecendo-lhe.
E,
depois, depois... permiti-me chorar…
E ao entrar no cemitério, banhada e envolvida no seu respeitoso silêncio, irrompi num incontido pranto…
E ao entrar no cemitério, banhada e envolvida no seu respeitoso silêncio, irrompi num incontido pranto…
E senti que chorava por duas ordens de razões:
-
Pelo gesto de doação inesperado praticado por aquela Senhora;
-
Pelo facto de sentir naquele mesmo gesto, tão incomum, da parte de quem vende e
visa obter um pagamento, a presença gloriosa e generosa do meu amado PAI...
As
20 rosas brancas que me foram doadas por essa gentil e desconhecida Senhora,
foram colocadas cheias de AMOR, na campa do meu amado PAI e tornaram-se
perpétuas e para
mim, não murcharão jamais.
Agradeço
a DEUS todos os milagres que opera na minha vida.
Que celebro a cada dia!
Que celebro a cada dia!
Porque, a VIDA merece ser vivida na mais alta vibração: a do AMOR!
«Há
apenas duas maneiras de se ver a vida:
Uma é pensar que não existem milagres e a outra é acreditar que tudo é um milagre."
Uma é pensar que não existem milagres e a outra é acreditar que tudo é um milagre."
Albert Einstein
Afetuoso abraço!
Maria João Vitorino
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.