segunda-feira, 6 de outubro de 2014

- COMPREENDER A MORTE, O SOFRIMENTO E A DOR…PODE O REIKI AJUDAR?



«Bom dia, amigo
Que a paz seja contigo.
Eu vim somente dizer
Que eu te amo tanto
Que vou morrer
Amigo...

Adeus

Vinicius de Moraes


- Compreenderemos, algum dia, o quão essencial é compreender a morte?
- Para além da ilusão do conhecimento e para além de todas as idealizações, conjeturas e opiniões, o que sabemos nós, a final, acerca da morte?

- Qual será a verdadeira causa do sofrimento, após a morte?
- Será que existe alguma técnica, método, ou ritual capaz de atenuar o sofrimento e a dor da perda ou bastar-nos-á compreender a morte?
- O Reiki pode ajudar?

Quando somos confrontados com o facto e o processamos interiormente, sobrevêm muitas interrogações…
E é certo que muitas ficam, e hão de continuar a ficar, sem respostas.
Especulações, teorias e muitas opiniões existem…

Mas, entendo que é preciso que reflitamos por nós próprios, que partamos à descoberta das nossas próprias respostas…

Cada um de nós, per si, munido da sua sabedoria interior, vivências e sensações deve procurar o seu próprio caminho para tentar pacificar-se perante a ocorrência da morte dos que ama.

Mas, é preciso que conversemos acerca da morte.

A morte, faz parte da condição humana e devemos integrá-la na nossa vida, sem medos, sombras ou temores.

Somos matéria, substância, e um dia, ainda que sejamos seres “iluminados” a morte há de sobrevir. 

Pessoalmente, fui criança, cresci  e sou adulta. E ao longo da minha vida humana, nem os meus Pais, nem os Professores, nem os Sacerdotes me ensinaram nada acerca da morte, nem como enfrentar o sofrimento da perda subsequente…
Ninguém me falou acerca da morte.

O que sei que sinto, é que a palavra “morte” nos traz, inevitavelmente, o sentimento de tristeza, sofrimento, medo e dor…
Agarramo-nos ao “conhecido”, aos nossos lugares de conforto e a morte é o “desconhecido”.

E, inconscientemente, tentamos proteger-nos quer da ideia (enquanto representação mental) a que a mesma está associada, quer do próprio facto em si, afastando-nos, ao longo da nossa vida, de todas as suas formas e manifestações…

Mas, evitando o tema, evitando falar da morte, quedamo-nos absolutamente “impreparados”, vulneráveis e frágeis para, um dia, a enfrentar e aos seus efeitos e repercussões.

E todos conhecemos essa verdade irrefutável:
- Um dia, morreremos! Todos nós.


«Tudo o que nasce deve morrer, passando pela natureza em direção à eternidade.»
William Shakespeare


Por outro lado, e com grande probabilidade havemos de confrontar-nos com a morte daqueles que amamos…


" Para todos o alvo da vida é a morte. "
Demóstenes

Um dia, inexoravelmente, a morte soberana, há de prostrar-se à nossa porta, para cumprir o seu desígnio, apoderando-se da vida daqueles que amamos…

Deixando, inevitavelmente, tombar sobre aqueles que ficam, o seu denso e soturno manto…
E a sombra do seu manto há de fazer escurecer a luz do Sol, apagar o brilho das estrelas, a luz e as cores das flores, tornar inaudíveis o chilrear e os cânticos das aves…
Porque então, para quem sofre, toda a existência se apaga…

Perante a notícia da morte daqueles que amamos, o chão cede, 
Abre-se um abismo incomensurável…
Uma espécie de “vazio” pungente e dilacerante, intraduzível por palavras, atravessa-nos o peito e as costas, como uma lança,
Cortando-nos a respiração, que é alimento da própria vida…
Tombados, aturdidos,
Volteamos sob nós mesmos,
Vagueamos numa espécie de vácuo,
Sós,
Vazios,
Suspensos «entre mundos»…
Amparados e ancorados em pálidas reminiscências do passado,
Agrilhoados às últimas imagens e palavras daquele que partiu…
Como se o passado pudesse tornar-se, de novo, presente…

Algoz implacável a soberana morte há de partir, depois, sem sequer olhar para trás.
Indiferente às lágrimas e súplicas dos que choram.
Deixando, entre nós, o registo da sua passagem e da sua presença,
Num corpo inerte, gélido, desabitado e sem dono…

E os que ficam, hão de cumprir a última vontade do ser amado: devolver o seu corpo à terra ou entregá-lo ao elemento fogo, para que receba um último abraço.

Os que ficam e que conhecem as manifestações da morte,
Jamais olvidarão a sua presença,
Jamais, duvidarão da sua existência…
E, saberão que, um dia, ela há de voltar…

E, é assim, por entre momentos de dor, sofrimento, num misto de lucidez e de obstinada rejeição que havemos de processar o luto e a nova realidade:
- O ser humano muito amado não voltará JAMAIS!
   E esta realidade é absolutamente irrevogável.

É neste contexto que, em regra, rendidos à impotência e à finitude da vida humana, compreendemos que a final, nada sabemos acerca da morte, nem  como enfrentá-la…
Nem sabemos como falar dela, aos nossos próprios filhos…

Pergunto-me, nesta minha reflexão, se não haverá outra forma de lidar com a “despedida” daqueles que amamos…

E penso que um dia, também eu hei de partir…
E há uma certeza que tenho.
Lá onde quer que esteja, não gostaria de assistir ao sofrimento, nem à dor dos meus próprios filhos.
Eles não merecem e eu não gostaria que quando chegassem à minha idade, formulassem as mesmas interrogações com que iniciei este texto.

Por isso, perante a morte de um familiar muito próximo, tenho refletido muito sobre este tema…

E perante o facto-morte, preocupo-me em ser, perante os meus filhos, uma espécie de  modelo, uma referência que, acredito, um dia seguirão e que por sua vez, um dia hão de transmitir aos seus próprios filhos e aos seus netos.
E, pensar nisso, dá-me alento.
Porque amo a vida, ensino-os, todos os dias a amá-la e entendo que o sofrimento na morte é absolutamente inútil.

Já nada poderemos fazer por aqueles que partiram, senão continuar a amá-los, pela eternidade, a cada memória, guardando-lhes um lugar no nosso coração e evocando-os, com amor e sorrisos.

Mas, presenciando o nosso sofrimento e dor, dou por mim a pensar que a morte de outrem nos expõe, verdadeiramente, a nós próprios: nessa sensação de perda, agonia da solidão, ansiedade e depressão.

Expõe o vazio do nosso coração, que sozinhos, não sabemos, nem conseguimos preencher…
Expõe a nossa fragilidade, o apego, a nossa dependência do outro.
E choramos e sofremos, por autopiedade:
- «Fiquei sozinho, não tenho mais ninguém…»

A morte de outrem, faz-nos constatar e perceber o nosso verdadeiro estado mental de dependência, solidão e apego que nos devem, urgentemente, fazer refletir...

Temos de, finalmente, compreender que a vida é o princípio e a morte é o fim.

E para além de uma qualquer relação de causa efeito, a existência de uma subentende a outra:
- Se há vida, a morte há de um dia sobrevir e esta só existirá na medida em que haja vida.

Perder o medo da morte é reencontrar a liberdade e resgatar a nossa mais genuína essência.

É importante que passemos a dar valor e importância àquilo que é verdadeiramente essencial: à vida e à morte, para além do medo, do sofrimento ou de qualquer reserva.

É importante que vivamos para além do ilusório e da superficialidade.

É importante que nos olhemos nos olhos e que tentemos reconhecer a nossa identidade enquanto seres humanos, porque ao contrário do que pensamos, existem muito mais semelhanças do que diferenças.

Todos conhecemos a dor e o sofrimento.

E é importante, também que conversemos, desde cedo, com as nossas crianças sobre a morte, como um acontecimento comum.
Estou convicta que, no futuro, as nossas crianças ficariam mais preparadas e menos vulneráveis à dor e ao sofrimento. E, perante a consciência da finitude da vida humana, tenderiam a querer aprender aquilo que é o mais essencial em qualquer relacionamento humano: a alegria, os afetos, a compreensão, o Amor e a compaixão.
 E, decerto, aprenderiam, também, que não há tempo a perder com aquilo que não é essencial…

Porque de cada vez que deixamos de enfrentar os factos da vida real, apenas, adiamos o sofrimento.

Lidar e falar acerca da morte deveria ser tão banal, como olhar o céu azul ou observar as 
estrelas, ou o movimento do dia e da noite.

Mas, este tema, há-de sugerir-nos muitas outras reflexões...

Aqui e agora, se tivesse de sugerir-vos um meio para minimizar o sofrimento e a dor inerentes a uma perda, aconselhar-vos-ia, sem qualquer hesitação, a prática do Reiki.

O Reiki ajuda na transição de todas as fases da vida, incluindo em situações de doenças terminais e no processo de luto.

Fazer auto tratamentos de Reiki ou submeter-nos a sessões de Reiki, ajuda-nos a equilibrar o corpo físico, a mente, os sentimentos e as emoções, permitindo-nos lidar com maior suavidade com as situações de perda dos nossos entes queridos e com todos os atos subsequentes que sempre se impõem.

O Reiki induz ao relaxamento, à tranquilidade e serenidade.

No início do tratamento ajuda no libertar da tensão e de eventuais bloqueios, facilita o fluir das emoções e alivia o processo de luto e sofrimento inerente.


***

Um dia quando a VIDA não couber mais dentro deste templo que, agora, habito
Devolvam o meu corpo à Mãe Terra, que sabem, tanto amei.
Foi ela quem me alimentou e nutriu a minha vida inteira,
E me abençoou a cada primavera com os frutos do nosso jardim
 e o sorriso, a luz e as cores das flores.
Vivi e fui muito feliz.
A minha vida foi, e é, um milagre, todos os dias.
Por tudo isso, quando eu morrer,
recordem-me a sorrir, ou não me recordem…”


Até breve!
Um abraço.
Venda do Pinheiro, 06 outubro de 2014
Maria João Vitorino










Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.         

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