«Bom dia, amigo
Que a paz seja contigo.
Eu vim somente dizer
Que eu te amo tanto
Que vou morrer
Amigo...
Adeus.»
Vinicius de Moraes
-
Compreenderemos, algum dia, o quão essencial é compreender a morte?
-
Para além da ilusão do conhecimento e para além de todas as idealizações,
conjeturas e opiniões, o que sabemos nós, a final, acerca da morte?
-
Qual será a verdadeira causa do sofrimento, após a morte?
-
Será que existe alguma técnica, método, ou ritual capaz de atenuar o sofrimento
e a dor da perda ou bastar-nos-á compreender a morte?
- O Reiki pode ajudar?
- O Reiki pode ajudar?
Quando
somos confrontados com o facto e o processamos interiormente, sobrevêm muitas interrogações…
E
é certo que muitas ficam, e hão de continuar a ficar, sem respostas.
Especulações,
teorias e muitas opiniões existem…
Mas, entendo
que é preciso que reflitamos por nós próprios, que partamos à descoberta das
nossas próprias respostas…
Cada
um de nós, per si, munido da sua sabedoria interior, vivências e sensações deve
procurar o seu próprio caminho para tentar pacificar-se
perante a ocorrência da morte dos que ama.
Mas, é preciso que conversemos acerca da morte.
A
morte, faz parte da condição humana e devemos integrá-la na nossa vida, sem
medos, sombras ou temores.
Somos
matéria, substância, e um dia, ainda que sejamos seres “iluminados” a morte há
de sobrevir.
Pessoalmente, fui criança, cresci e sou adulta. E ao longo da minha vida humana, nem os meus Pais, nem os Professores, nem os Sacerdotes me ensinaram nada acerca da morte, nem como enfrentar o sofrimento da perda subsequente…
Ninguém
me falou acerca da morte.
O
que sei que sinto, é que a palavra “morte”
nos traz, inevitavelmente, o sentimento de tristeza, sofrimento, medo e dor…
Agarramo-nos
ao “conhecido”, aos nossos lugares de
conforto e a morte é o “desconhecido”.
E,
inconscientemente, tentamos proteger-nos quer da ideia (enquanto representação mental) a que a mesma está associada,
quer do próprio facto em si,
afastando-nos, ao longo da nossa vida, de todas as suas formas e manifestações…
Mas,
evitando o tema, evitando falar da
morte, quedamo-nos absolutamente “impreparados”,
vulneráveis e frágeis para, um dia, a enfrentar e aos seus efeitos e
repercussões.
E
todos conhecemos essa verdade irrefutável:
- Um dia, morreremos! Todos nós.
«Tudo o que nasce deve
morrer, passando pela natureza em direção à eternidade.»
William Shakespeare
Por
outro lado, e com grande probabilidade havemos de confrontar-nos com a morte
daqueles que amamos…
"
Para todos o alvo da vida é a morte.
"
Demóstenes
Um
dia, inexoravelmente, a morte soberana, há de prostrar-se à nossa porta, para
cumprir o seu desígnio, apoderando-se da vida daqueles que amamos…
Deixando,
inevitavelmente, tombar sobre aqueles que ficam, o seu denso e soturno manto…
E
a sombra do seu manto há de fazer escurecer a luz do Sol, apagar o brilho das
estrelas, a luz e as cores das flores, tornar inaudíveis o chilrear e os
cânticos das aves…
Porque
então, para quem sofre, toda a existência se apaga…
Perante
a notícia da morte daqueles que amamos, o chão cede,
Abre-se
um abismo incomensurável…
Uma
espécie de “vazio” pungente e
dilacerante, intraduzível por palavras, atravessa-nos o peito e as costas, como
uma lança,
Cortando-nos
a respiração, que é alimento da própria vida…
Tombados,
aturdidos,
Volteamos
sob nós mesmos,
Vagueamos
numa espécie de vácuo,
Sós,
Vazios,
Suspensos
«entre mundos»…
Amparados
e ancorados em pálidas reminiscências do passado,
Agrilhoados
às últimas imagens e palavras daquele que partiu…
Como
se o passado pudesse tornar-se, de novo, presente…
Algoz
implacável a soberana morte há de partir, depois, sem sequer olhar para trás.
Indiferente
às lágrimas e súplicas dos que choram.
Deixando,
entre nós, o registo da sua passagem e da sua presença,
Num
corpo inerte, gélido, desabitado e sem dono…
E
os que ficam, hão de cumprir a última vontade do ser amado: devolver o seu
corpo à terra ou entregá-lo ao elemento fogo, para que receba um último abraço.
Os
que ficam e que conhecem as manifestações da morte,
Jamais
olvidarão a sua presença,
Jamais,
duvidarão da sua existência…
E,
saberão que, um dia, ela há de voltar…
E,
é assim, por entre momentos de dor, sofrimento, num misto de lucidez e de
obstinada rejeição que havemos de processar o luto e a nova realidade:
-
O ser humano muito amado não voltará JAMAIS!
E esta realidade é absolutamente
irrevogável.
É
neste contexto que, em regra, rendidos à impotência e à finitude da vida
humana, compreendemos que a final, nada sabemos acerca da morte, nem como enfrentá-la…
Nem
sabemos como falar dela, aos nossos próprios filhos…
Pergunto-me,
nesta minha reflexão, se não haverá outra forma de lidar com a “despedida” daqueles que amamos…
E
penso que um dia, também eu hei de partir…
E
há uma certeza que tenho.
Lá
onde quer que esteja, não gostaria de assistir ao sofrimento, nem à dor dos
meus próprios filhos.
Eles
não merecem e eu não gostaria que quando chegassem à minha idade, formulassem
as mesmas interrogações com que iniciei este texto.
Por
isso, perante a morte de um familiar muito próximo, tenho refletido muito sobre
este tema…
E
perante o facto-morte, preocupo-me em ser, perante os meus filhos, uma espécie
de modelo, uma referência que, acredito,
um dia seguirão e que por sua vez, um dia hão de transmitir aos seus próprios
filhos e aos seus netos.
E, pensar nisso, dá-me alento.
Porque
amo a vida, ensino-os, todos os dias a amá-la e entendo que o sofrimento na
morte é absolutamente inútil.
Já
nada poderemos fazer por aqueles que partiram, senão continuar a amá-los, pela
eternidade, a cada memória, guardando-lhes um lugar no nosso coração e
evocando-os, com amor e sorrisos.
Mas,
presenciando o nosso sofrimento e dor, dou por mim a pensar que a morte de
outrem nos expõe, verdadeiramente, a nós
próprios: nessa sensação de perda, agonia da solidão, ansiedade e
depressão.
Expõe
o vazio do nosso coração, que sozinhos, não sabemos, nem conseguimos preencher…
Expõe
a nossa fragilidade, o apego, a nossa dependência do outro.
E
choramos e sofremos, por autopiedade:
-
«Fiquei sozinho, não tenho mais ninguém…»
A
morte de outrem, faz-nos constatar e perceber o nosso verdadeiro estado mental
de dependência, solidão e apego que nos devem, urgentemente, fazer refletir...
Temos
de, finalmente, compreender que a vida é o princípio e a morte é o fim.
E
para além de uma qualquer relação de causa efeito, a existência de uma
subentende a outra:
-
Se há vida, a morte há de um dia sobrevir e esta só existirá na medida em que
haja vida.
Perder
o medo da morte é reencontrar a liberdade e resgatar a nossa mais genuína essência.
É
importante que passemos a dar valor e importância àquilo que é verdadeiramente
essencial: à vida e à morte, para além do medo, do sofrimento ou de qualquer
reserva.
É
importante que vivamos para além do ilusório e da superficialidade.
É
importante que nos olhemos nos olhos e que tentemos reconhecer a nossa
identidade enquanto seres humanos, porque ao contrário do que pensamos, existem muito mais semelhanças do que diferenças.
Todos conhecemos a dor e o sofrimento.
E
é importante, também que conversemos, desde cedo, com as nossas crianças sobre
a morte, como um acontecimento comum.
Estou
convicta que, no futuro, as nossas crianças ficariam mais preparadas e menos
vulneráveis à dor e ao sofrimento. E, perante a consciência da finitude da vida humana, tenderiam a querer aprender aquilo que é o mais essencial em qualquer relacionamento humano: a alegria, os afetos, a compreensão, o Amor e a compaixão.
E, decerto, aprenderiam, também, que não há tempo a perder com aquilo que não é essencial…
Porque
de cada vez que deixamos de enfrentar os factos da vida real, apenas, adiamos o
sofrimento.
Lidar
e falar acerca da morte deveria ser tão banal, como olhar o céu azul ou
observar as
estrelas, ou o movimento do dia e da noite.
Mas, este tema, há-de sugerir-nos muitas outras reflexões...
Aqui e agora, se tivesse de sugerir-vos um meio para minimizar o sofrimento e a dor inerentes a
uma perda, aconselhar-vos-ia, sem qualquer hesitação, a prática do Reiki.
O
Reiki ajuda na transição de todas as fases da vida, incluindo em situações de
doenças terminais e no processo de luto.
Fazer
auto tratamentos de Reiki ou submeter-nos a sessões de Reiki, ajuda-nos a
equilibrar o corpo físico, a mente, os sentimentos e as emoções, permitindo-nos
lidar com maior suavidade com as situações de perda dos nossos entes queridos e
com todos os atos subsequentes que sempre se impõem.
O Reiki induz ao relaxamento, à tranquilidade e serenidade.
No
início do tratamento ajuda no libertar da tensão e de eventuais bloqueios,
facilita o fluir das emoções e alivia o processo de luto e sofrimento inerente.
***
“Um dia quando a VIDA não couber mais dentro
deste templo que, agora, habito
Devolvam o meu corpo à
Mãe Terra, que sabem, tanto amei.
Foi ela quem me
alimentou e nutriu a minha vida inteira,
E me abençoou a cada
primavera com os frutos do nosso jardim
e o sorriso, a luz e as cores das flores.
Vivi e fui muito feliz.
A minha vida foi, e é,
um milagre, todos os dias.
Por tudo isso, quando eu morrer,
Por tudo isso, quando eu morrer,
recordem-me a sorrir,
ou não me recordem…”
Até breve!
Um abraço.
Um abraço.
Venda
do Pinheiro, 06 outubro de 2014
Maria João Vitorino
Maria João Vitorino
Texto escrito conforme
o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.