Não sei se, alguma vez, já teve a
curiosidade de procurar a definição da palavra “vida”.
Vida é o: «Espaço de tempo que decorre desde o nascimento de um ser vivo até à sua
morte; a existência.» (Dic. Enc. de Língua Portuguesa, Seleções do Reader’s
Digest, Publ. Alfa, 1992, pág. 1236).
Estamos vivos, existimos e isso é um
facto.
Mas, fomos condenados à morte, pela
natureza, desde o dia do nosso nascimento…
Como diz um velho provérbio tibetano:
«Amanhã, ou a próxima vida - quem sabe
qual delas chegará primeiro?»
Não sei se, alguma vez, já refletiu
sobre o nosso modo de existência…
Criámos uma sociedade superficial,
hipócrita, na qual, o ego e o culto da aparência assumem protagonismo e onde a
competição e o sucesso individuais constituem, desde muito cedo, metas de uma
vida. E, nesse modelo de existência (e de coexistência), o desejo de poder,
posição social e de prestígio, dividem-nos, separam-nos e, consequentemente,
geram um profundo e, tantas vezes, insustentável, isolamento…
De facto, quando passamos para além do
nível superficial dos relacionamentos humanos (onde a superficialidade, a
frivolidade, existem), compreendemos que, na realidade, muitas pessoas se
sentem desconfortáveis e insatisfeitas com as suas vidas, consigo mesmas.
Sentem-se sós, deprimidas e
encontramos à nossa volta, um alto grau de solidão e de alienação.
Cada um, vivendo na “bolha de sabão” por si próprio criada,
tão frágil e insegura, quanto a sua própria vida.
Não sei se, alguma vez, já pensou que
a sociedade que todos criámos e, em que vivemos, é constituída, por seres
humanos, por todos e por cada um de nós. Juntos, somos a sociedade. A sociedade
somos nós, em relação. Cada um manifestando os seus próprios processos
individuais de pensar, agir e sentir, sobre os quais, parece que quase nunca
refletimos…
Por isso, qualquer pretendida mudança de
comportamento há de começar em si, em mim, em cada um de nós.
Não amanhã! Mas, hoje! Assumamos, de
vez, essa responsabilidade.
É que é preciso resgatar a sensibilidade
humana e o toque da vida. É preciso levar a música a cada coração.
Por isso, apenas, hoje, seja bondoso, grato
e muito gentil.
Enquanto
essa mudança não acontecer…
Somos
súbditos do “reino do superficial”.
E, talvez, por isso, somos a um tempo a violência e a paz…
Maria João Marques
Maria João Marques
Nota: O artigo/pensamento aqui reproduzido foi publicado no Editorial do "Jornal Daqui" do Concelho de Mafra, Edição n.º 91, de 11 de Maio de 2016 (página 2) e em http://www.jornaldaqui.com.pt/