Cada
vez mais se ouve falar acerca de Reiki: vídeos na internet, alusões em
programas de televisão, palestras, formações, artigos em revistas, testemunhos,
anúncios, aqui e ali publicitados por Mestres,
praticantes e, também, por aqueles que beneficiaram de uma sessão de
Reiki.
E
de uma, ou de outra forma, grande parte das pessoas já conhece, ou já
experienciou Reiki, ou ao invés, se não conhece, tem interesse em vir a conhecer.
Numa
tentativa quase vã (eu diria…), de se tentar definir o Reiki, diz-se que: o REIKI é um método de cura natural que
funciona através da imposição das mãos, onde a energia Rei (energia natural,
que impregna todo o universo) é utilizada para equilibrar a energia Ki (a
energia da força vital que existe e flui em todos os seres vivos),
proporcionando um completo equilíbrio energético, a nível espiritual, mental,
emocional e físico, promovendo a saúde e o bem estar.
Ou
melhor, o REIKI é uma prática terapêutica
– pese embora, não incluída nas terapêuticas
não convencionais tal como definidas pela Lei n.o 45/2003, de de 22 de
agosto (Lei do enquadramento base das terapêuticas, regulamentada pela Lei n.º
71/2013, de 2 de setembro) - com uma filosofia
de vida refletida pelos seus cinco princípios, aqui, concentrados numa
única frase:
«Apenas, hoje,
não me preocupo, não me
zango, sou grato, trabalho
honestamente e sou bondoso.»
Reiki
não é pois, apenas, uma prática terapêutica.
Reiki
é, também, uma filosofia de vida expressa nos seus singelos princípios.
E
estes princípios devem, verdadeiramente, ser encarados como a base e orientação
para uma vida harmoniosa.
Conhecemo-los
na formação de 1.º Nível de Reiki.
E
aprendemos (para os usarmos pela vida fora) uma postura física meditativa
(gasshô) para os recitarmos.
Mas,
não raras vezes, após a sua formação, os alunos recém formados, talvez porque
demasiadamente preocupados com os rituais e as técnicas do Reiki (e, mais
ainda, em praticá-los exemplarmente de acordo com os ensinamentos recebidos dos
Mestres), relegam para um segundo plano estes princípios...
Ou
melhor, recitam-nos, diariamente…
Tendem
a reproduzi-los, até com um certo
orgulho, perante os outros…
Espalham
folhetos e publicidade acerca de Reiki com os seus dizeres…
Mas,
em boa verdade e permitam-me dizê-lo, poucos
compreendem, na realidade, a sua mensagem…
E, assim, embora reproduzam empenhadamente as técnicas e rituais no seu auto tratamento, ou no tratamento a terceiras pessoas, olvidam quase completamente a “base” e fundações para a vida harmoniosa que procuram: os princípios de Reiki…
Fechar os olhos,
Adotar
uma postura meditativa,
E
repetir, de manhã e à noite, os princípios de Reiki constitui um bom exercício
para iniciar a meditação…
Mas…
Não
é suficiente para compreender a essência do Reiki…
E
muito menos, para operar uma verdadeira mudança na sua vida… como decerto
almejaria.
Porque,
vejam bem, quando nos limitamos a reproduzir (copiar, imitar) dia, após dia, “mecanicamente”, qualquer ritual ou
técnica o que acontece?
Acontece
que, por repetitivas, a reprodução das mesmas técnicas apenas nos tornarão,
mais e mais, insensíveis…
E de
que adiantam os conhecimentos adquiridos se perdermos a sensibilidade?
Tornando-nos insensíveis, perderemos o mais essencial: a humanidade…
Tornando-nos insensíveis, perderemos o mais essencial: a humanidade…
É,
por isso, preciso que compreendamos a importância da essência e da filosofia do
Reiki…
É preciso que reflitamos em cada um dos seus princípios…
Não
é preciso que “sigamos” atrás dos
Mestres…
Porque
se nos limitarmos a seguir atrás dos Mestres, também nos tornaremos mais e mais
mecanizados, condicionados e insensíveis…
É, pois, necessário que “investiguemos” e sintamos por nós próprios, para além de todo o tipo de condicionamento…
Porque
a VERDADE não pode ser aprendida…
É
preciso que, nos aproximemos, gradual e paulatinamente, mais e mais, de nós
mesmos…
E
que, compreendamos, na nossa integralidade, em comunhão com a energia da Vida
de que procedemos e que nos anima, que há na filosofia do Reiki, expressa nos
seus cinco princípios, uma poderosa “mensagem
oculta”, que nos permitirá aceder à chave do autoconhecimento…
Sem o qual, não saberemos quem somos…
Sem o qual, não saberemos quem somos…
Os princípios do Reiki são importantes, por si mesmos.
E
é aconselhável que cada um de nós, vá diretamente à fonte, sem intérpretes, nem
comentadores.
É
preciso lê-los,
Apreendê-los,
E
permitir que os mesmos se processem interiormente,
É
preciso que reflitamos e meditemos sobre eles…durante muito, muito, tempo…
É
preciso “vivê-los”, no sentido literal
do verbo, para ter acesso à sua compreensão,
ao seu significado…
E,
só depois, então, compreender a energia intensíssima, vibrante e atuante do
Reiki.
Ademais,
aprendemos que, só por hoje, devemos
ser honestos
no nosso trabalho:
«Kyo dake wa, Gyo wo hageme – Só por
hoje, trabalho honestamente.»
Devemos, sê-lo, em primeira instância, connosco próprios.
Porque
é preciso, primeiro, compreender a ideia, o princípio, antes deste poder ser
praticado e exercitado no nosso dia a dia.
Como
diria Carlos Drummond de Andrade:
«Chega mais perto
e contempla as palavras.
Cada uma tem mil faces secretas
sob a face neutra
e te pergunta,
sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível,
que lhe deres:
Trouxeste a chave?»
As
palavras já foram inventadas há muito, muito tempo e como intérpretes dessas palavras, cada um de nós as interpretará como o
desejar, de acordo com as suas próprias vivências, cultura, crenças e
condicionamento individual.
Pessoalmente,
entendo que a honestidade há
de ser sempre o ponto de partida da filosofia
de vida de todos aqueles que se dizem praticantes de Reiki.
E
reproduzo, aqui, a definição de “honestidade” extraída do Dicionário da Língua
Portuguesa Contemporânea, Academia das Ciências de Lisboa, Editorial Verbo: “é
a qualidade do que age ou se comporta de acordo com aquilo que é considerado o
dever ou a verdade; qualidade do que é honesto = honradez, rigor.”
Este
princípio (honestidade) contém em si a “chave” de todo o sistema de Reiki: pela
possibilidade autêntica e genuína de "despertar" novos estados de consciência e de enveredar pelo
autoconhecimento, sem o qual, continuaremos a viver nas “trevas” buscando a
“luz” no exterior de nós próprios.
Como
dizia o mestre Mikao Usui e não devemos esquecer:
«Reiki é a arte secreta de convidar a
felicidade.»
E,
tanto quanto me é permitido ver, há muitas pessoas com formação em Reiki que
expressam e irradiam alegria e entusiasmo pela VIDA, mas, outras tantas, nem
tanto…
Muitos
“reikianos” (confesso que não sou propriamente fã, deste termo, mas utilizo-o
por se ter vindo a tornar comumentemente adotado…), ainda, caminham por aí,
propalando técnicas e conhecimentos, mas perdidos de si mesmos…
O Reiki é arte,
O Reiki é a
compreensão do SER...
E muito trabalho há a fazer…
Porque se não
soubermos quem somos,
Se não nos amarmos
o suficiente para nos aproximarmos de nós próprios,
jamais saberemos o que é o
amor...
Como poderemos
compreender as dores e os sofrimentos dos “nossos” se, percorremos a própria
vida, sem sequer sabermos quem somos?
Como pode um
pássaro ferido nas suas asas, voar?
Por tudo isso…
«Apenas, hoje,
trabalhe, consigo, honestamente.»
«Conhecimento verdadeiro de si
próprio só é dado ao ser humano quando ele desenvolve interesse afetuoso para
com os outros;
conhecimento verdadeiro do
mundo, o ser humano só alcança
quando ele procura compreender
seu próprio ser.»
Rudolf
Steiner
Venda
do pinheiro, 22 de junho de 2015
Um afetuoso abraço.
Maria
João Vitorino
Texto escrito conforme
o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.