terça-feira, 5 de agosto de 2014

- APENAS, HOJE…CELEBRO A VIDA!



Este desabafo foi escrito, assim, ao “correr da pena”…mas, não fala, propriamente, das técnicas do REIKI…
Neste desabafo, falo de morte, de milagres e de Amor…
Por isso, desejo – e permitam-me - partilhá-lo, aqui, convosco…



Houve um tempo, destes tempos, em que tive um PAI…
Um PAI meigo que tanto me amou,
E me fez sentir, imensamente, protegida e amada,

Houve um tempo, destes tempos, em que tive um PAI…
Que me ensinou a sorrir, a rir e a amar com a alma,

Que me ensinou a expressar sentimentos e a ser afetuosa.
E, sobretudo, me ensinou a rir da vida…
                                                      e das suas vicissitudes…


Houve, um tempo, desses tempos, em que me habituei a ter, ao meu lado,
Um PAI herói, um Homem inteligente, valente e honrado,
Um amigo – cúmplice e 
                                             eterno companheiro de brincadeiras e travessuras…


Até que um dia, destes tempos,
O meu amado PAI partiu…sem despedidas, de braço dado com a morte,
Abandonando tudo quanto lhe pertencia …

E partiu, despojado das suas vestes físicas e de todos os bens materiais,
Levando, tão só,  a sua consciência…a sua alma…
Que é tudo quanto nos é permitido levar…

E foi assim, num dia, destes tempos, que o meu PAI
Partiu, sem pré avisos,
Nem acenos,
                                                                   nem disposições de última vontade,


Por vezes penso que, talvez o meu Pai não tenha tido tempo para se despedir de todos nós,
Ou, talvez, não tenha tido vontade de o fazer,
Ou, talvez, não tenha tido sequer noção da sua partida…
Ou, talvez, que a morte ceife, subtilmente, todos os vínculos e laços com os que cá ficam…
Ou, talvez, ainda, não se tenha despedido, porque, sabia que não existe separação…
Quiçá…
Pessoalmente, acredito, que no Amor, não há separação…

O meu PAI partiu, assim, um dia, destes tempos, sem sequer olhar para trás…
Esvoaçando, para além da matéria, libertando-se de todos os laços corpóreos,
Rumo ao firmamento,
Como se soubesse, exatamente, para onde ia ou deveria ir…


Na despedida do seu corpo físico, evoco, na sua face, o vislumbre de um subtil sorriso,
Que, conhecendo-o, como o conhecia, sabia que o meu PAI, jamais negaria na despedida da própria Vida…
O meu PAI regressou à sua verdadeira morada,
À casa da eternidade…à casa de DEUS – PAI.


Nas suas novas vestes, adequadas à sua nova morada,
Sinto-o feliz, livre e liberto de toda a dor e sofrimento,
Porque, o seu corpo físico, já tão debilitado, amarrado a uma cama, não suportava já a imensidão da sua alma…


Em tempos idos, falando acerca da morte, combinei com o meu amado PAI que aquele que “transitasse” primeiro, tentaria manifestar-se, perante o outro, através dos pássaros…

Enquanto o meu PAI esteve internado no Hospital, durante muitos dias, todas as vezes que regressava a casa, encontrava um pardal poisado no portão de entrada da minha casa…parecendo, encontrar-se ali, à minha espera...

Quando as notícias dos médicos pareciam fazer antever o pior, um pardal surgia sempre bem perto de mim…
Quando me deslocava a casa dos meus Pais, lá estava à porta de entrada, poisado sobre o veículo automóvel do meu PAI, outro pardal…

Coincidências, ou não, a presença daquelas pequenas aves, apaziguavam-me a alma e o coração…

Hoje, penso, muitas vezes, no meu amado PAI, de dia e de noite,
Mas, não alimento a nossa dor, nem a tristeza,

Porque o sofrimento é absolutamente inútil e não o trará de volta até nós,
E, assim, ensino aos meus próprios filhos como reagir perante a morte…que um dia, há de, também ser a minha…

PAI!
Voa PAI!
Voa, agora, na ETERNIDADE!

Acabou-se o teu atroz sofrimento,
Sofrimento que não merecias.

O processo de luto, de desapego e de despedida é pessoal e de cada um,
O luto faz-se, interiormente,
Porque os sentimentos não se pintam…nem se vestem de qualquer cor…

Hoje, Eu e o meu amado PAI revisitamo-nos no baú das minhas memórias,
Revisitamo-nos nos sonhos,

O meu PAI está presente, de maneira positiva, também, na memória que dele têm, diariamente, os meus próprios filhos e toda a família.

Para além da dor, continuamos a rir com a lembrança das suas piadas e brincadeiras.

Ademais, o meu PAI vive, também, de forma intensa, no nosso coração.
Porque o coração dos vivos é o melhor túmulo dos mortos.

Ontem, fui com o meu filho, pela primeira vez, após as exéquias fúnebres, ao cemitério onde se encontram os restos mortais do meu PAI.

E pensei que bom seria se o meu PAI, um dia, conseguisse presentear-me com um qualquer sinal físico da sua presença…

Chegados ao cemitério, aproximei-me das bancas onde se vendem flores.
Apenas, sabia, interiormente que desejava comprar flores de cor branca.
No local, junto ao cemitério, existiam várias bancas, mas dei por mim a dirigir-me para uma banca determinada…

Saudei a Senhora que vendia e perguntei-lhe o preço das flores (não lhe falei, curiosamente, que desejava flores brancas…), dizendo-lhe que gostaria de as colocar na terra da campa do meu Pai, que havia sido recentemente sepultado.

A Senhora fitou-me nos meus olhos, olhou em volta procurando, decerto, as flores que considerava mais adequadas e depois dirigiu-se a um balde de onde retirou um grande ramo de rosas brancas.

Entregou-mas e eu peguei nelas, perguntando-lhe:
- Desculpe, mas, e qual é o preço?

A referida Senhora velhinha, fitou-me nos olhos e como se me conhecesse desde há muito tempo e disse-me:
- Não é nada. São dadas.

Esta atitude, tão fora do comum, nas circunstâncias ali presentes, levaram-me às lágrimas…
E senti, ali mesmo, uma forte presença do meu amado PAI…

Foi chorando que abracei e beijei aquela Senhora, afagando o seu rosto e agradecendo-lhe.

E, depois, depois... permiti-me chorar…
E ao entrar no cemitério, banhada e envolvida no seu respeitoso silêncio, irrompi num incontido pranto…

E senti que chorava por duas ordens de razões:
- Pelo gesto de doação inesperado praticado por aquela Senhora;
- Pelo facto de sentir naquele mesmo gesto, tão incomum, da parte de quem vende e visa obter um pagamento, a presença gloriosa e generosa do meu amado PAI...

As 20 rosas brancas que me foram doadas por essa gentil e desconhecida Senhora, foram colocadas cheias de AMOR, na campa do meu amado PAI e tornaram-se perpétuas e para mim, não murcharão jamais.

Agradeço a DEUS todos os milagres que opera na minha vida.
Que celebro a cada dia!

Porque, a  VIDA merece ser vivida na mais alta vibração: a do AMOR!




«Há apenas duas maneiras de se ver a vida:
Uma é pensar que não existem milagres e a outra é acreditar que tudo é um milagre."
Albert Einstein

Afetuoso abraço!
Maria João Vitorino


Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.         

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