sexta-feira, 26 de outubro de 2012

- "Apenas, hoje, não se zangue." -




- "Apenas, hoje, não se zangue." (Princípio de Reiki) - Este é um dos 5 Princípios de Reiki.

Nada simples, dir-se-á.

E, para muitos de nós, que vivemos numa grande urbe, em sociedade, tal princípio  parece à priori, inexequível.


De facto, como fazer para não reagir  ao "chico-esperto" que passa à nossa frente na fila do supermercado, na fila de trânsito, do multibanco ou do autocarro? Como é possível que não nos zanguemos?


As brigas e contendas no trânsito rodoviário, também, falam por si, chegando não raras vezes a terminar em homicídios.


Não há dúvida que, quando nos sentimos ofendidos ou de alguma forma agredidos, reagimos. E, em regra, reagimos fazendo mal aos outros e a nós próprios.


«Persistir na raiva é como apanhar um pedaço de carvão quente com a intenção de o atirar em alguém. É sempre quem levanta a pedra que se queima.» Buda


De cada vez que nos zangamos, sentimos uma enorme tensão que afeta todos os nossos sistemas: físico, emocional, mental e espiritual.


E, mais tarde, somos capazes de reproduzir esse episódio vezes incontáveis, queixando-nos daquilo que os outros nos fizeram, vitimizando-nos e aproveitando, ao mesmo tempo, para nos vangloriarmos pela nossa reação na reposição da "ordem".


Reagimos, zangando-nos, por vezes, violentamente - com atitudes, gestos e palavras que expressam a intolerância e a incompreensão - com pessoas que nem sequer conhecemos,  porquê?


Será que foi  só a atitude dessa pessoa que nos fez reagir, tempestuosamente, pergunto?
Ou será que existe em cada uma dessas reações, mais violentas, um padrão interior que denuncia a existência de amargura, raiva, angústia, desespero, ou o desejo de vingança?


Muitas vezes, uma atitude alheia, despoleta uma dor antiga, que irrompe furiosa quando alguém lhe toca, ou quando, de alguma forma  vivemos situações emocionalmente semelhantes.


Contudo, por mais que esbracejemos ou estrebuchemos não conseguiremos transformar o mundo. Pois, vão existir sempre pessoas avessas ao cumprimento de regras de conduta ou da sã convivência em sociedade.


Em boa verdade, se queremos que alguma coisa mude, teremos de compreender que temos de começar por nós próprios...só na modificação individual é possível o equilíbrio e a harmonia com o meio à nossa volta, em que nos integramos.


Reagindo, furiosamente, somos como objetos impulsionados pelas atitudes do outro. Em vez de agirmos, pautados pela determinação de comandar a nossa vida em cada instante, passamos a "reagir" (a responder) ao comportamento dos outros, permitindo assim, que estes - os "ofensores" - assumam, nesse exato momento, o comando da nossa própria vida.


A vida pode ser observada de vários ângulos e a nós, cabe-nos descobrir que para além das atitudes alheias existimos nós próprios e a nossa forma de as viver e encarar.


Através do Reiki, pacificamo-nos interiormente e aprendemos, paulatinamente, a assumir o comando da nossa própria vida.


Apenas, hoje, não se zangue.
Não vale a pena zangar-se, também por si e pela sua saúde...


Deixo-vos, para ilustrar, o tema destas "linhas", esta pequena história, que vos fará, decerto, refletir:


«No tempo em que Buda pregava, havia pessoas que o amavam e seguiam, e outras que o temiam e odiavam, receosas de que fosse um revolucionário, alguém que iria trazer a desordem ao seu tempo, e mesmo sem o conhecer, julgavam-no pelo que ouviam dizer a outros.

Certo dia, um destes homens que lhe tinham raiva chegou-se ao pé de Buda e cuspiu-lhe na cara. Buda, calmamente, limpou o rosto e perguntou:
- E depois disto, o que mais me queres dizer?

Os seus discípulos  indignados, refilavam que não podia ser, como é que ele se ficava assim, aquilo era um mau exemplo que poderia espalhar-se, situações destas não podiam ficar impunes.

Buda retorquiu-lhes que não se deixassem levar pela reação impulsiva, pois já deveriam ter aprendido que só teriam uma ação justa se estivessem centrados em si mesmos, sem necessidade de reagir, mas sim de agir, e que aquele homem que lhe cuspira no rosto não o atingira verdadeiramente a ele, mas sim à imagem que fazia da pessoa que era Buda.

- Mas eu, propriamente, não me sinto atingido, porque eu não sou aquele que ele pensa. Apenas cuspiu na imagem que tem de mim, pois nem sequer me conhece.

A verdade é que o homem, perplexo pela não reação de Buda, partiu para sua casa deveras modificado.

Desmanchara-se num instante o padrão de ação/reação, o que o levou a refletir durante toda a noite, e no dia seguinte prostrou-se aos seus pés, pedindo-lhe perdão.
Buda levantou-o e respondeu-lhe:

- Nada tenho a perdoar-te, pois não me sinto ofendido. Além disso, os homens são como os rios, a água que hoje corre em ti não é a mesma que te levou a agredires-me ontem. Por isso ergue-te e abracemo-nos.»

Diz-se que aquele homem, foi a partir desse dia um dos melhores discípulos de Buda…»

Sintam-se abraçados.

Mafra, 26 de outubro de 2012

MJV

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